segunda-feira, 23 de maio de 2011

Publicitária de corpo, Artista de alma

Como estamos falando de design, artesanato, cultura e projetos acadêmicos, resolvemos fazer uma entrevista referente aos temas.

Fernanda Mujica Pedrosa é estudante de Publicidade e Propaganda da Universidade de Brasília. Em outubro fez um curso de História da Arte na Espanha. Depois dessa experiência maravilhosa, resolveu ir para o Chile fazer um intercâmbio na Faculdade Católica do Chile. 

Fizemos algumas perguntas para ela e fomos respondidas com uma crônica bem humorada que relata suas experiências de vida e acadêmicas.



Estudar publicidade não é como ser Paleontóloga. Primeiro, o óbvio, você não vai passar o dia buscando dinossauros usando shorts caquis. Depois, ninguém nunca vai te convidar pra participar de um parque com dinossauros vivos, no qual você vai viver a grande aventura da sua vida. 

Estudar publicidade é ter essa possibilidade e outras mil também. O comunicador sabe tudo um pouco e muito de nada. Pronto, escolhi a minha profissão. Falta de estabilidade, mente ociosa e aberta pra qualquer idéia me moveram a fazer o vestibular.
Meu perfil desacomodado se manifestou pela primeira vez quando fui possuída pelo espírito de Andy Warhol e decidi que Publicidade era Arte. Eu quis fazer todo curso possível e imaginável sobre artes do mundo. Queria ser a melhor, pintar um quadro com um pé e vender por milhões. Comecei com História da Arte, estudei Romantismo, Arte Contemporânea, Fotografia... Enfim, descobri minha amante. Eu sempre ia amar a Publicidade, mas lá no fundinho, meu coração batia mesmo quando tava tirando um tempo com as Artes.
Foi quando eu já estava no quarto semestre que um novo espírito me possuiu, dessa vez, Picasso. Me deu vontade de conhecer a Espanha, saber o que aconteceu lá o que acontecia. Fiz oito macumbas e implorei para todos os professores me deixarem ir. Sim, eu estava no meio do semestre e não podia esperar. Busquei um curso e depois de mais duas galinhas mortas pra convencer meu pai, lá estava eu, comendo Paella e visitando a casa de Dalí. Amei a sensação... Estar só descobrindo um mundo completamente novo.

Foi quando eu fiquei viciada. Voltei pro Brasil e tive uma depressão pós-viagem. Decidi que era hora de voltar ao desconhecido. Me inscrevi em todos os intercâmbios da universidade. Balé na Alemanha? Beleza! Engenharia Espacial na China? Lindo! Foi quando eu recuperei a razão (meu pai me deu um sopapo) e me inscrevi no que eu queria mesmo. Artes no Chile. Porque Chile? Simples. Mesmo fuso, e resquícios familiares lá.

Cheguei sem esperar muito, até que tive a primeira aula. Quando terminou tive vontade de chorar, juro que fiquei emocionada. Aprendi mais em uma única aula que em todo meu curso. Que universidade linda, que professor empolgado. A estrutura da NASA pra aprender ajudava muito, mas a turma empolgada e o assunto super atual me faziam feliz. Tirando que o país é super europeu. Todos os shoppings tem um espaço para Design (e eu não to falando de bolsas de tampinha de coca-cola não, Design de primeira mesmo).
Agora estou aqui. Aprendendo o que são linhas, como fazer um livro de contos infantil e como me virar no frio congelante. O Design aqui no  Chile é levado a sério e pela primeira vez me sinto como uma profissional. Tudo aqui é pensado. As embalagens são lindas, os artigos de papelarias melhores ainda. E o que me interessa mais é que apesar de ser um país aonde se encontra qualquer coisa de qualquer lugar do mundo, se percebe também uma identidade chilena. O artesanato aqui assume seu lado Mapoche indígena e mostra que algo pode ter um design moderno e ao mesmo tempo se referir ao passado.
Essa experiência é algo que recomendo a todos. Mudar sempre, correr atrás (se não fosse minha força de vontade, ou insistência chata, nunca teria acontecido) o problema é que vicia, e muito, uma vida normal e feliz se torna pacata e sem graça. Já estou eu aqui começando a estudar Francês, to sentindo umas vibes meio Toulouse-Lautrec.

France m'attend!


Para quem gostou, segue o blog da Fernanda: http://calvineeu.blogspot.com/

Um comentário:

  1. Adorei a crônica! Bem humorada, envolvente, cheia de fantasia e conteúdo!
    Sucesso meninas!

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